10.8.12

Carta de Amor à um coração de incertezas



Numa coisa tenho que concordar consigo. Palavras são Palavras. E mais uma coisa que concordo: elas têm Sentimento e Acção. Elas movem-se de acordo com o Lugar e o Tempo que as damos. O importante não é que elas sejam ditas. Mas que elas tenham lugar em quem as diz e de quem as recebe.
Será que as palavras que digo encontraram um lugar certo e preparado para ouvi-las? Nunca, as palavras, brotarão se não encontrarem um coração aberto. Elas sempre continuarão apátridas se o chão que devem pisar estiver inquieto. Tremedeiro. Escorregadio. E até órfão de um espaço para se acomodar em seu próprio corpo.
Nunca se sabe como as palavras são, nem mesmo por quem as emite. Quem saberá a vontade do coração? As palavras verdadeiras, meu amor, são aquelas que as dizemos sem pensar. Mas as que pensamos, preparamos, escrevemos e reescrevemos, transportam consigo o sentimento acrescentado. Um sentimento que transcende ao real. Dá uma sensação até de que elas levam consigo um elevado grau de fingimento. Talvez até transportem o desejado. E isso já é grande coisa. Afinal o que é maior que a Vontade?
Não nos podem deixar feliz as palavras que não levam consigo a vontade e o desejo. Se elas são verdadeiras ou não? Se elas destroem ou não? se elas magoam ou não? Deixemos aos deuses, afinal eles é que têm o mistério da vida e da morte. A nós, querida, cabem as vontades, os desejos, os sonhos, as ilusões, as teorias, as latitudes. O resto, só por pura ironia do destino. E quem sabe do destino se não esses deuses insaciáveis?
Se lhe disser que as minhas palavras são verdadeiras, sem que a vontade de acreditar nelas haja em ti, em nada elas servirão, porque só o que queremos se parece verdade em nós. Não se pode amar os céus e se odiar o Deus que neles vive e, nem se pode adorar a terra sem se adorar o diabo que nela abunda. É tudo uma questão de vontade meu amor, o resto, é mera ilusão dos nossos corações que querem sempre algo para alimentar a esperança. E esse algo, muitas vezes preferimos chamar de Verdade, mas juro que não é. Juro que é. E apenas o é porque assim o queremos.
Mesmo a terminar esta minha carta que lhe escrevo, infelizmente, virtualmente, a lembrar-me de um sábio que hoje me foge o nome, contudo creio que seja o nosso Severino Ngoenha, este filósofo nosso que pensa em tudo quando pensa, que diz " NUNCA TE ESQUEÇAS DOS IDEAIS, MESMO QUE HOJE NÃO TE SIRVAM".

E tu meu amor, lembras-te dos nossos ideais?
Com os beijos do seu

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