28.3.12

POEMA (SEM TÍTULO)



Na rua
Extra conjugado do nada
Em antagónicas partes
Só este poema nasce

Sem fonte
A fome agudiza o meu ser
Ser do nada que sou
Ser do nada que quero ser

Impretéritas líricas
Tripulam do Vénus ao Marte
Na sintáctica do voo
Endógenas do vento latejante em ruas a fim.

Outras bermas só nadices no prólogo dos seres
Que não sou, é gente
O que não serei, é poeta
Mas apátrida, por estas ruas alcanço-me.

Embrulho estomacal
Entre as luminosas galáxias
Jazem os sufixos no posfácio da minha morte
Antes nem se debruçassem estas ruas pelos seres que sou
Se seria pelo ser que quero ser
Seres de mim
Que nestas ruas zanzam nas bermas duma gentil senhora:
De pernas abertas
De minissaias
Bexiga cuspida
Pernas rugosas

Com o chão ingerindo fumaça
E espuma saindo entre suas pernas
Amaldiçoam-se os céus que se mantêm escuros
E ai de mim,
Poeta ainda por ser gente, embarcar nessas bermas
Ai de mim alquimista inorgânico entre seres que não sou
Ai de mim…   

Sem comentários: