30.9.09

A Viagem da virgem

Vou num pé e volto noutro mãe!
Dispidia – se Nikotile da sua mãe, tia Distina.
Era sábado de festa na casa de uma amiga no outro lado do bairro, perto da casa do tio, o que deixou a tia Distina com um ar simpático, pois estava segura da responsabilidade da pequena Kotile.
- Mãe, tal como havia dito a festa será na casa da Zize e não vou demorrar
- Está bem, olha Kotile, já sabes que se for tarde podes acomodar – te à casa do seu tio, vai boa sorte!
Assim eram as oras de dispidida entre a pequena e a mãe.
A festa comecaria às vinte horas, sem atrasos e não estava prevista a hora do seu término, mas Kotile colocou na sua agenda, que se for necessário, sairia antes da festa cabar.
Ageitada, Kotile pegou a estrada à caminho da bem dita a festa do ano e não podia, por engano nenhum, perde – la, uma vez que em nenhuma ocasião, acima das desoito horas, ela participava, pois o seu pai, tio António, não tolerava caprichos da época.
- Olhem para quem chegou!... é a Nikotile.
Chegava Kotile à festa, para a satisfação do seu pessoal que jà havia perdido as esperanças de ve - la naquele lugar, que na opinião do Tio é indecente. O ánimo e adrenalina acompanhava os passos dos presentes, principalmente a Zize, a menina que vivia na casa que a turma escolheu para fazer o baile de incerramento do ano lectivo, que para a Tia era uma simples festa de aniversário, assim ela foi dada à conhecer.
Todos rapazes da escola estavam na festa, com o principal destaque para o famoso e carrinhoso Musonde, que não só por mim foi destacado, mas também pelas raparigas do Chimondzo. Para quem sabe não é de custume ver a Kotile dançando, principalmente apertada com um rapaz, eu que o diga, nem os tios se, o vissem não acreditavam.
A noite ia se fazendo adulta cada vez mais, a Kotile também ia crescendo sem temer a precocidade dos acontecimentos, continuou dançando ao rítimo de passada estrangeira talvez fosse da Suzana Lumbrano, “aquela Cabo Verdiana que só trouxe desgraça para a nossa familia”, recordando as palavras do tio. Era aquela música do título qualquer coisa como “Nha Sonho”.
Kotile dancava incansavelmente com o Muzonde, o tal garanhão da equipa masculina que as meninas tanto disputavam, pelas suas calças que eram de estilo cinta baixa.
- sabes qual é a minha vontade, agora? – perguntava o rapaz com a voz bem suave nos ouvidos da inocente Kotile, – Não – respondeu, abanando a cabeca.
- o que mais quero agora é que esta música não pare, par nunca nos separar. Quero agora sentir o teu cheiro, curtir a tua beleza e estar em contacto com tigo atravez dos corações.
Não imaginam a raiva que sinto sempre que me lembro das palavras daquele provador de donzelas.
Para os ouvidos da virgem, que nunca ouvira palavras tão ambiciosas e que nunca lhe passara pela cabeca intereçar alguem, principalmente aquele “Mufana” – entusiasmada disse, – eu?
E os passos perceguiam o ritmo agrecivamente, mais lentos que a própria música e suaves, cada vez mais favorecendo a vontade do malandro de Muzonde. Muitos pares desfaziam – se, mas o encontro do Romeu e Julieta, tal como o distino, nenguém conseguia desfazer, e o rapaz então, este nem sinal de morto dava, por mulher, resiste até a uma Kuassa – Kuassa de Awilo Longoma.
A que só ajudou a fortalecer o aperto foi a “Carolina”. Dois por três a Nikotile saia para fora do quintal na altura prifirí não saber para que fim, em quanto isso Muzonde já não se fazia sentir na contradanca, para a minha preocupação – e a Nikotile?, alguem viu a Kotile aqui? Nada de resposta.
Na verdade o corpo sensível da Kotile havia atraído as minhas intenções e a única coisa que limitava – me a revelar, é o facto dela ser da família, talvez seja por isso que não parava de acompanhar o seu empenho na dança com o paquerador «barrata».
Pondo em prática a minha preocupação, saí para fora com a inteção de ver o que acontecia.
O que ví, foi de cortar o coração, a honra e a inocencia da Kotile estava prestes a serem transformados em história, o pior de tudo foi a sua virgindade que viveu a masculinidade daquele marginal, sem piedade.
Muzonde e a Nikotile, estam se lambuzando, contorcendo – se curufeladamente, como se não bastace a sua infantilidade lhe dava outra tesão e tudo aconteceu num murro de espinhosos.
Na hora neguei – me a acreditar, mas era ela, era a Nikotile da tia Distina, que estava declarando – se apaixonada perdidamente, por um demente, que nem se quer conhecia, eu que o conhecia é que sei o quanto é deliquente.

Cruz salazar
Nos pensamentos noturnos
Cruz.salazar02@gmail.com

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