7.6.11

A Assassina das Rosas Vermelhas


Às tardes passava da Escola Industrial primeiro de Maio, na capital de Maputo, não estudava ali, mas gostava daquela esquina, é porreira.
Havia um jovem, cujo nome ainda vou consultar, vendia rosas, talvez de todas as cores, será possível? Bem se é possível ou não, deixo de saber ou melhor não dava para perceber, porque sempre que olhava para aquele lado, coincidia com o olhar de uma mulher, bonita e elegante, na verdade parecia uma sereia que um simples peixe, uma mulher que cativa qualquer olhar atento, com uma voz suave, um olhar bastante firme, com um tom de inocência, em fim, um cativeiro que cativa a todos.
Quando olhava para aquele lado, via-lhe sempre com uma rosa vermelha na mão, e era assim todos os dias, pelo menos quando passava.
Foi assim por muitos dias, até que num deles decidi cumprimenta-lá, e não fugia a regra, virava a cabeça com os cabelos voando, arranjava-os com as mãos, molhava os lábios e piscava o olho, para o meu sufoco, sempre levantando as rosas. Noutro dia também foi assim, até que acabei ganhando coragem e perguntei-a:
- Entre você e as rosas, qual é a intimidade que existe? Principalmente as daqui do...deste rapaz!
- Aceitas uma?
- Não obrigado. Não vejo o porquê.
- Bem, prefiro não existir – retorquiu a cachopa de decote assustador e retirou-se da minha frente.
Oportunidades de vê-lá não me faltaram, só que dessa vez infelizmente não foi na esquina das rosas, aliás era uma esquina de rosas sim, mas diferente à do costume, no cemitério.
Não tive coragem de olha-lá duas vezes, nem se quer a cumprimentei, estava de luto e aos gritos rebolando ao chão. Diante do susto da donzela, não restaram-me alternativas, diferentes às de salientar com migo mesmo sobre a triste perda que a Rosinha teve. E assim foi, quem não desperdiçou foi o coveiro que estava do lado direito, por sinal escondendo - se de alguém, um daqueles rapazes que sempre tem pendentes no cemitério.
- Essa daí...acho até que a direcção do cemitério vai construir-lhe uma residência aqui dentro – comentava o coveiro comum ar familiar.
- Já o fizeram para alguém antes?
- Não, mesmo se o quisessem, no mundo, até pode se morrer a sério, mas não temos um cliente tão acídulo como esta senhora, sempre daria no mesmo, concluiu.
Amedrontado, fiz–me de contrário dos seus comentários, ausentei–me do seu lado simplesmente. Não que as suas palavras tenham me intimidado, mas qual é a verdade que não dói a ninguém?
Um dia desses encontrei–a novamente de luto, pelo que pude notar, novo e também com novas lágrimas, inteirando novo cadáver no mesmo cemitério. Não tardou para recordar–me das palavras do coveiro intrometido e perguntei para mim mesmo porque é que a direcção do cemitério precisaria de lhe oferecer uma residência por dentro?
Enquanto andava, via campas que por perto estavam, algo fazia-me entender que cada uma delas acendia o vermelho, neles só homens estavam inteirados, pelas fotografias, novos e bonitos, tanto que qualquer um que passasse percebia a perca que o pais teve, fiquei com medo, tudo parecia óbvio de mais para constituir a verdade, juro que não queria acreditar.
Talvez seja por isso que comprava e rosas todos os dias, vestida de uma maneira magnífica.
Sobe ainda que eles morriam de casamento marcado com ela e depois de uma relação sexual.

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